terça-feira, 3 de maio de 2011

QUEM SABE, SABE – O SHOW DE WILLIAM WAAK E A VISÃO DE CLÓVIS ROSSI


O anúncio da morte de Bin Laden tomou conta do noticiário, especialmente na Rede Globo. 
A rede, na época dos atentados de 11 de setembro de 2001, fez uma extensa cobertura nos EUA e no mundo, apoiada na sua enorme e competente estrutura de correspondentes internacionais.

No dia seguinte ao pronunciamento de Barak Obama (feito quase à meia-noite de domingo), todos os telejornais da Globo (assim como as demais redes) exploraram o tema exaustivamente. Mas coube ao Jornal Nacional – logo ele, a jóia da coroa – o único deslize global: o excesso de autopromoção na qualidade da cobertura. Por mais completa que tenha sido, a edição do JN de segunda-feira forçou a barra ao exaltar a extensão da cobertura e a agilidade da emissora ao dar em boletim de plantão o anúncio de Obama.
Mesmo assim, este efeito da concorrência de hoje entre as redes não comprometeu a esperada competência na abordagem do tema.

Quem roubou mesmo a cena foi o experiente William Waak, âncora do Jornal da Globo, ao lado de Cristiane Pelajo. Veterano de coberturas de guerra, especialmente no Oriente Médio, autor de livros sobre o assunto,  William saiu da bancada para dar, junto aos telões do cenário, uma aula sobre a geopolítica e a realidade daquela região. Esmiuçou a intrincada teia das várias correntes terroristas e suas inspirações, afinidades e contradições. Com um texto fluido, objetivo, dispensou o tele-prompter e se valeu da vivência e do conhecimento de campo de quem sabe muito bem o que se passa naquela parte do mundo há  tempos. A performance de William Waak foi mais esclarecedora do que as dezenas de entrevistas com os especialistas em Oriente Médio recrutados pelas TVs desde o último domingo.
Quem sabe, sabe.

Na imprensa escrita, Clóvis Rossi, da Folha de SP, acertou em cheio no seu artigo sobre a ameaça da continuidade do terrorismo, mesmo com a morte de Bin Laden. Lembrou que sufocar Al Qaeda e congêneres não resolve, porque fundamentalismo não tem cura. 

Rossi apontou que o melhor horizonte para a região surge com as revoltas populares que estão arejando a vida medieval dos países de lá. Mudanças que, embora à custa de sangue, estão abrindo, aos poucos, caminho para reformas políticas e sociais que poderão levar a uma melhor qualidade de vida para as populações. 

Os movimentos no Egito, Tunísia, Síria, e Líbia estão mostrando que os tiranos, seus clãs e dinastias, já não são inatingíveis. Quando houver por lá sociedades mais justas, os fundamentalistas histéricos e suicidas perderão espaço para perpetrar e divulgar seus delírios. Basta os povos islâmicos terem direito a uma vida mais digna, sem a imposição brutal de costumes da idade das trevas a reger suas vidas.

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