Desde sempre, algumas reportagens de TV exigem que o repórter atue de forma agitada, perseguindo os acontecimentos literalmente passo a passo, ritmo acelerado, às vezes até correndo com microfone na mão e gravando ao mesmo tempo.
Normalmente não são performances estudadas. Acontecem assim porque a situação exige: uma ocorrência em que a equipe acompanha policiais em perseguição, um tumulto em que se vê no meio dos acontecimentos, e é preciso escapar das bombas de gás lacrimogêneo, balas perdidas, etc.
Mas nos últimos anos, a reportagem de TV no Brasil foi contaminada por um surto de agitação que influiu diretamente na linguagem das matérias, criando um novo estilo e uma tendência cada vez mais seguida pelo mercado. Um estilo em que repórteres ofegantes, imagens instáveis e edição nervosa criaram uma confusa fronteira entre uma história bem contada e uma narrativa exagerada – quando não espalhafatosa e irreal.
É o chamado “Vem Comigo”.
Uma expressão que em muitos casos vem sendo aplicada de forma injusta.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCYtw1bscMhp_EIaQ0vNW23qG_2QpFUVswyhaBpwvww44Rt856ooIlcMcyf19USJx1H391HP5eRKjZGfPsgkEDZgBJYlmWcGl4eBC23DGACPwObt54NbpTQrsovzHCXS73TnwRp9wLh3vR/s1600/3784801_200%255B1%255D.jpg)
Goulart descreve os assuntos com carisma e elegância, dosando com humor equilibrado quando necessário, e evitando sempre cair no tal sensacionalismo. Hoje ele atua no SBT Repórter, mantendo-se fiel ao estilo que o notabilizou.
O “Vem comigo!” funciona muito bem quando o repórter tem o que dizer, sabe improvisar sem ser repetitivo, exagerado ou mesmo alarmista. Narrar o fato no calor dos acontecimentos exige objetividade e apreço à verdade, evitando a sedução da dramatização exacerbada e do exibicionismo.
Repórteres que supervalorizam um assunto inflando a narrativa com adjetivos fortes, criando “teorias” pessoais para o que vê (ou pior, para o que não vê), narrando quase aos gritos e impondo um ritmo forçosamente frenético, parecem mais anunciantes de tele-vendas que jornalistas.
Mas aí vem a pergunta: é possível conduzir reportagens em programas de temática policial e dramas do cotidiano, sem ser “over” no papel de narrador dos fatos?
Claro que sim. E as provas estão aí, no ar. Confira no próximo post sobre o tema. Até lá!
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