GLAUCIUS OLIVEIRA é jornalista formado pela Feevale, e cursa pós-graduação em jornalismo e convergência de mídias. Começou em 1995 na TV Cidade Canal 20, de Pelotas, como repórter cinematográfico. Atuou depois na RBSTV Pelotas, até se transferir para Novo Hamburgo, onde cursou a universidade. Fez trabalho de conclusão de curso abordando a importância do repórter cinematográfico na produção televisiva. Na TV Feevale, emissora universitária afiliada à TV Cultura/SP, Glaucius atua como repórter cinematográfico e também como editor e diretor de imagens. Também dá aulas práticas de telejornalismo.
Desde 2010, é repórter cinematográfico na Band RS, de Porto Alegre. Em 2011, conquistou o Prêmio ARI - Associação Riograndense de Imprensa.
1) O cinegrafista deve interferir na edição?
Sempre estar acompanhando todos os processos. Isso às vezes não acontece devido à correria do dia-a-dia. A edição é importante para a boa execução da reportagem e o cinegrafista, que esteve no local, sabe como ninguém o que é mais importante na hora da finalização - junto com o repórter, é claro.
2) Como a tecnologia está influenciando no papel do cinegrafista?
Muito! O cinegrafista tem que estar pronto as mudanças tecnológicas todos dos dias. A reciclagem é muito importante para que ele se destaque e possa desempenhar tarefas que agreguem valor a seu trabalho!! Quem não estiver disposto a mudar e conhecer os novos formatos estará fora do mercado em pouco tempo.
O olhar apurado e principalmente a visão periférica, que faz com que ele mostre a realidade bem próxima do real. Essa é para mim a principal qualidade do profissional da imagem.
4) Cinegrafista mulher tem espaço?
Com certeza, acho que o papel da mulher é importante em todas as profissões. Ela esta cada vez mais nos ambientes digamos, só para homens. Hoje não temos mais isso. E não seria diferente na TV. As mulheres tem uma visão diferenciada do todo. E claro que isso, na imagem, faz muita diferença.
5) Há diferença em trabalhar com repórter homem ou mulher?
Não vejo diferença alguma. O bom cinegrafista deve estar preparado para qualquer profissional.
6) Que peso o cinegrafista deve ter na construção da reportagem?
Deve dividir a responsabilidade com o repórter, ter o mesmo peso. Não deve se eximir de nada. Deve sim acompanhar todos os processos.
7) Dica para cinegrafistas novatos:
Primeira e única dica, gostar do que faz. Se não gosta, esquece! Muda de profissão!
8) E para repórteres novatos:
Ter a percepção que ele não está sozinho, e que a reportagem que está executando é de responsabilidade dele e do cinegrafista que o acompanha.
9) Qual o tipo de reportagem mais desafiadora?
As que ajudam as pessoas de alguma maneira. Acho que o papel social dos jornalistas é de extrema importância.
10) Como percebe o olhar dos editores e chefes de reportagem sobre o trabalho dos cinegrafistas?
Em todas as profissões temos aqueles que entendem ou não. No telejornalismo não seria diferente. Precisamos ter mais diálogo entre todos que fazem parte dos processos. O cinegrafista tem que dialogar mais com as chefias, e não apenas chegar com problemas, arrumar soluções e fazer parte do dia-a-dia das redações.
11) Cinegrafistas que fizeram história:
Para mim, um grande cinegrafista para mim é o Paulo Zero (Rede Globo), grande jornalista premiado, que conhece como ninguém os processos televisivos.
12) O telejornalismo mudou?
Mudou muito e vive um momento complicado. Acho que precisamos rever vários processos que o telejornalismo vem passando. Mudanças são necessárias, e estou muito preocupado com o rumo que o jornalismo televisivo está tomando.
20) As emissoras de tv usam cada vez mais imagens de populares feitas com celulares e cãmeras amadoras. Isso preocupa?
A qualidade da produção factual de jornalismo de TV vem caindo assustadoramente. A visão que se tem é que qualquer coisa vale. Precisamos sim, dar a noticia; mas isso não quer dizer que temos que colocar qualquer coisa no ar, na busca desenfreada pela audiência. Precisamos ter cuidado e ver o quanto estamos prostituindo a imagem. Televisão é imagem, e de qualidade. Rever os processos é preciso!
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