domingo, 27 de fevereiro de 2011

DECUPAGEM: O NOME É FEIO, MAS PRATICAR É FUNDAMENTAL!

A reportagem em TV é geralmente uma corrida contra o relógio, todos sabemos. O fantasma do deadline está sempre assombrando, com a ajuda dos produtores e chefes de reportagem que ficam no telefone ou no rádio apressando a equipe que está na rua.

Muitas vezes o repórter chega na emissora sem tempo algum para redigir texto no computador e gravar off na cabine. Vem com o off escrito dentro do carro da reportagem, durante o trajeto de volta, num papel qualquer, e grava ali mesmo. Na TV, resfolegando, mal consegue largar a fita ou disco na mão do editor de imagens, pois o jornal começa logo

Ok, isso é comum.
É do jogo, e é preciso saber jogar assim.
Mas na real, o dia a dia não precisa ser tão frenético.

Excetuando-se os factuais ou outras circunstâncias que prendem as equipes na rua até o limite do deadline – ou além dele -  a rotina, se bem administrada, pode ser menos tensa e mais produtiva.

Se o repórter e sua equipe souberem conduzir a captação de imagens, as entrevistas e a gravação da passagem com equilibrio, controlando bem o tempo, fica mais fácil finalizar o material quando chegar na emissora. E isso pode fazer muita diferença no resultado final.

É onde entra a DECUPAGEM.

Ter tempo para sentar na ilha de edição e olhar tudo que foi gravado é essencial para ter um olhar mais abrangente da matéria e suas possibilidades.

É assistindo as imagens que podemos perceber nuances de som ambiente que na rua não notamos; é ali que podemos descobrir uma fala ou ruído importante captados pelo microfone da câmera, e que nem repórter nem cinegrafista ouviram na hora.

Muitas vezes uma fala de alguém fora de quadro ou não, captada durante a gravação das imagens, tem mais força que a entrevista gravada.

As imagens do repórter conversando com o entrevistado antes da entrevista podem conter, no áudio 2 (da câmera),  declarações mais originais, espontãneas e contundentes, do que aquelas feitas quando o entrevistado já está enquadrado, posicionado, falando calculadamente para o repórter.    

Analisar as imagens com calma também é fundamental para o repórter ter uma noção clara dos recursos que vai ter para contar a sua história.
Não é raro que um take ou uma sequência descobertos na hora da decupagem mudem toda a concepção do roteiro inicialmente pensado.

Até mesmo a entrevista gravada, ainda que esteja “fresca” na memória do repórter, pode revelar outras falas importantes – ou sons de fundo - na hora da revisão.

Portanto, sempre que possível, o ideal é administrar bem a duração do trabalho na rua, para poder chegar na emissora com tempo de fazer a decupagem.

Isso pode fazer, repito,  toda diferença na finalização da matéria.


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