A “passagem” (ou boletim, como se dizia há algum tempo) é o momento em que o repórter aparece na reportagem falando para a câmera.
É parte essencial numa matéria de TV, pois identifica visualmente quem está contando aquela história, e exerce um papel fundamental na amarração da narrativa.
Ao elaborar a passagem, o repórter tem que levar em consideração muito mais que a sua imagem pessoal na matéria.
É aí que entra a maturidade e a personalidade do jornalista.
É preciso que o repórter entenda que ele é o “contador da história”, o condutor da narrativa, mas não é o dono da matéria e muito menos a “estrela” da reportagem.
José Henrique, hoje repórter cinematográfico de elite da Rede Globo e com quem tive a honra de trabalhar muitos anos na RBSTV, costuma dizer que a passagem, para ele, é 70% da matéria. Claro que o Zé diz isso com algum exagero, mas ele o faz assim mesmo para reforçar o conceito de que uma passagem bem pensada e bem executada é mais que meio caminho andado para o sucesso de uma reportagem de TV.
Isso quer dizer guardar para a passagem uma informação forte, valorizando a participação do repórter, e gravar no momento e cenário apropriados, com o máximo de capricho na composição da imagem.
A passagem tem que ser muito bem discutida entre o repórter e o repórter cinematográfico.
Assim como o repórter tem que escolher uma informação consistente para aquele momento, ele tem também que levar em consideração a opinião do câmera nos aspectos relacionados ao ambiente da matéria e a forma como a narrativa está sendo conduzida.
Um erro comum, especialmente entre os repórteres novatos, é querer aparecer no momento crucial da matéria. Este momento, NUNCA SE DEVE ESQUECER, É DO REPÓRTER CINEMATOGRÁFICO, O CARA DA IMAGEM, E NÃO DO JORNALISTA!
Um exemplo do que um repórter NUNCA deve fazer na hora da passagem:
Imaginemos uma reportagem sobre um seqüestro.
Lá está o bandido com o refém na mira da arma, policia negociando à distância, imprensa toda com as câmeras apontadas para o desfecho.
O bandido vai se entregar e liberar o refém. É a imagem principal, a imagem da manchete, da abertura do telejornal.
E aí o repórter decide que vai fazer a passagem naquele momento, achando que vai estar protagonizando o instante máximo da notícia do dia.
Erro um: achar que ele é mais importante que a matéria, ocupando o momento principal do fato.
Erro dois: coloca o repórter cinematográfico sob o risco de perder a imagem, pois o repórter estará em primeiro plano. Se errar o texto, lá se vai a imagem e a passagem, pois nestas horas não há segunda chance.
E a equipe volta para a emissora sem a imagem que todas as demais terão.
Quero ver explicar para o editor-chefe...
No próximo texto, a postura do repórter em diferentes tipos de passagem.
Parabéns Ricardo pelo blog!!! Ótimo poder ler e aprender sobre esse mundo tão fascinante que é o telejornalismo!! Dicas que vou colocar em prática!!!Bjs Mari
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