O repórter de ZH Humberto Trezzi não está na Líbia por acaso, ou por uma simples questão de escala. Está lá porque construiu uma sólida reputação de jornalista com amplos conhecimentos sobre conflitos, seus históricos e contextos.
Cobrir guerras ou outros conflitos que envolvem forças armadas, regulares ou não, exige um olhar apurado sobre todas as circunstâncias que envolvem o fato.
Conhecer bem o universo militar é essencial. Para descrever o calor de um combate e o horror dos impactos em tropas e civis, é preciso entender a aplicação e o efeito das armas. E também perceber a dinâmica e consequências das táticas - de exércitos ou de guerrilheiros.
É comum repórteres menos qualificados, nestes momentos, apelarem para narrativas excessivamente dramáticas ou personalistas. E , na falta de conhecimento específico, acabam temperando suas histórias com clichês de filmes de guerra e afins.
Para dar “clima” à matéria, detonam um bombardeio de informações fantasiosas sobre o efeito de determinado armamento, o poder inquestionável de tal tática, a supremacia do exército x, a argúcia do general y, a malícia do líder guerrilheiro z...
E assim, estes profissionais acabam confirmando a máxima do senador republicano norte-americano Hiram Johnson, que em 1917 declarou: “a primeira vítima da guerra é a verdade.”
Trezzi está mostrando em ZH, de forma exemplar, como cobrir um conflito fazendo com que o olhar do repórter presente nos fatos seja uma lupa focada na melhor compreensão possível para o público.
Ao descrever o horror das bombas e granadas despejadas por Kadafi perto do comboio onde estava, Trezzi se manteve como observador, analítico e realista, por mais que as circunstâncias tenham transformando a ele e aos outros jornalistas ali em personagens daquele momento.
Trezzi também não se furtou a descrever seu medo no meio do bombardeio; mas o fez com equilíbrio, e em nenhum momento escorregou para o exibicionismo pseudo-heróico do tipo “as bombas voam sobre nossas cabeças, estamos entre a vida e a morte, mas temos que levar a matéria, blá, blá...”
Além de qualificar o jornal, as coberturas de Trezzi tem servido de referência pra outros repórteres que seguem o mesmo caminho, como Rodrigo Lopes.
A cobertura de ZH na Líbia tem sido uma lição de jornalismo à altura de grandes nomes da imprensa brasileira, que se destacaram nestas situações, como William Waack e José Hamilton Ribeiro, entre outros.
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