quarta-feira, 2 de março de 2011

PRÊMIOS DE JORNALISMO: OS HIPÓCRITAS QUE TRABALHEM!

Quem não gosta de ver o seu trabalho reconhecido com um prêmio? Quem não gosta de ver a notinha no jornal falando da distinção, citando os nomes dos premiados e a matéria agraciada?

Pois há quem não goste. E esses são justamente os que nunca chegam lá -  porque são incompetentes, ou porque, mesmo trabalhando bem, nutrem um sentimento ranheta contra os prêmios de jornalismo e criticam aqueles que chamam de “caçadores de troféus”.

A nuvem de hipocrisia que cobre este assunto paira há muito tempo sobre a categoria. E muitas vezes inibe profissionais, iniciantes ou não, que produzem ótimas matérias, mas acabam sendo constrangidos pelos outros, que envenenam o ar da redação com comentários tipo “fazer matéria pensando em prêmio é coisa de repórter caça-níquel”.

Existem, claro, profissionais que ficam garimpando oportunidades de concorrer e, de olho na grana e na exposição, preparam matérias dirigidas, concebidas para agradar os que oferecem o prêmio, deixando de lado as regras do bom jornalismo.

Bom, aí é uma questão de consciência; e não há muito o que fazer.

Mas o que há de errado em pensar na produção de uma matéria focando determinado concurso, desde que o tema seja abordado com honestidade e seguindo os mandamentos básicos do nosso ofício?

Alguns concursos de reportagens são promovidos por setores da indústria, comércio ou áreas governamentais. Obviamente, isto estabelece o contexto da matéria.
Mas não decreta que ela deve ser uma exaltação ou um release disfarçado de reportagem. Se a matéria ficou assim, é porque o repórter ou editor assim o quiseram, e o fizeram por interesse. Bom, aí temos que dar razão aos que criticam os caça-prêmios.

Mas agir assim é, volto a dizer o óbvio, uma questão de consciência.

A cultura de conquistar prêmios de reportagem deve estar, sim, em cada redação, e deve se impor como meta! Porque não?
Que veículo de comunicação não orgulharia de ter uma equipe de jornalismo campeã de prêmios?

Cabe aos coordenadores planejar como isso deve ser colocado em prática, de forma que as equipes relatem as reportagens que podem ser enquadradas em determinado prêmio, e ainda, sugerir abordagens visando aquele concurso.

Fazer tudo isso com legitimidade jornalística é possível e obrigatório. E fazer de forma planificada, com cronograma de execução.
- Alô, turma do ódio: desde quando isso faz da redação um grupo de mercenários?

Bem, alguns preferirão a via mais fácil, a da bajulação, da matéria simpática, que faz vista grossa aos aspectos negativos do tema, para não “ferir suscetibilidades” e aumentar as chances de vitória no júri.

Mas uma redação dirigida por gente com caráter, discernimento e verdadeira noção profissional terá mecanismos para impedir que uma matéria nasça assim. Suas equipes pensarão da mesma forma, e o departamento saberá quando uma pauta ou matéria pronta merecerá a honra de representar o veículo num prêmio.

Portanto, repórteres - novatos ou não - editores e outros profissionais: não tenham medo de ganhar prêmios. Cuidem-se, isso sim, para não se deixar seduzir pelo canto de sereia da “fama”, e naufragar como jornalista.



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